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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Das águas

Estou aqui, pés descalços. A areia úmida em meus pés. Largo os sapatos e a bolsa nem vejo onde. Agradeço ao silêncio que me permite ouvir cada batida, cada ida e cada retorno. Linda a força das águas à minha frente, que se aproximam e se arrebentam, e depois recuam como se acarinhassem a beira, formando contornos, desenhando espaços. Sinto-me atraída, puxada para perto. Quero tocar. fazer parte dessa dança que hora vem suave, sublime, e hora vem forte, explosiva. A água gelada toca meus calcanhares, sinto um arrepio correr o corpo. Molho o rosto, a alma. Entro assim como estou, jeans e blusa nova. Estou só, eu e meus pensamentos. Meu mundo inteiro que ficou lá fora. Sinto correr em mim uma corrente elétrica, sensações, gostos e sentimentos, todos juntos, inexplicáveis mas acontecendo dentro de quem eu sou naquele momento. A onda quebra em meus quadris. Quase perco o equilíbrio, bambeio, sorrio. Passo minha mão pelas águas e sinto a vida que vibra em mim. Volto para a areia e deixo meu corpo cair. O vento gelado também bate, sinto seu frio. Escorrego na areia e fecho os olhos, até que de novo venham as águas tocar em mim. Sinto-me leve, livre. Sinto o amor que há no mundo e em mim.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Hoje quando olhei para o céu havia um pesado cinza. Muitas nuvens e o presságio de tempestade por vir. Raios, trovões, relâmpagos e elas, tão pesadas e cinzas. E veio a chuva. Um aguaceiro anunciado, essa água correndo e levando o que pelo caminho estava. Agora é tempo de esperar. Esperar passar a tempestade, o mar revolto. E não adianta chorar a velha negligência. O tempo é de esperar passar. Porque o sol volta, brilhando como sempre. E quando voltar, virá com ele o tempo de reconstruir, de acertar. Agora resta refletir e agir sem querer a força das águas parar. Elas destroem mas também limpam. Na verdade hoje choveu muito pouco lá fora. Mas dentro de mim, ah dentro de mim! Hoje vi tempestade cair.... "

domingo, 27 de janeiro de 2013

Duas mulheres


Existem em mim duas mulheres...

Uma selvagem outra mansinha
Uma que bem acorda quietinha
Que é do quarto e cozinha
E outra que quer o mundo mudar

Uma que assim fala baixinho
Canto da boca sorrindo
Que procura sempre o cantinho
Para despercebida passar

Mas olha tem essa outra
Quase que meio louca
Vem com risada solta
Prende cada olhar

Uma que é fagulha e é espinho
Passa pelo caminho
Como trem em seu trilho
Certa de onde chegar

Outra que é calma e carinho
Vem e vai rapidinho
Também sabe o caminho
Mas vive a duvidar

Essas duas mulheres
Seus ardores e reveses
Descobre qual é
Por cada olhar

Sim, em mim duas mulheres há...





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Veritas

O que é que é mais do que há em mim?
De onde surgem essas verdades para que eu as aceite?
Tudo é de tantos modos e tantas são as formas
Que aceitação e escolhas são meras vaidades
Vejo o que você não vê
Porque o que vês em mim não existe
E o que não encontras é porque escondo em mim somente
O meu que não é o teu
E não te imponho para que a mim não forces
Livres somos em escolhas
Porém aprisionados à demanda também somos
Esse canto rouco que prendo
Minha verdade, não sua
Mas de que isso realmente importa?
Estamos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não vivo para o agrado.
Vivo porque este tempo me foi dado
E é meu o direito de escolher cada passo!
Do jeito que faço...
É meu o direito de sorrir e chorar.
De ir, ficar, aplaudir, contestar.
É meu, acima de tudo,
O direito de amar!
Sim amar!
sem limite ou barreira
Quer você queira ou não queira
Vivo!
Assim como sou!
Alma errante por ser dessa vida eterna amante...

Nada pelo medo

Medo?
Não, eu não tenho medo.
Apenas guardo-me de amarguras.
E melhor fazê-lo antes que junte muito mais desventuras!
Não temo nada pois nada é meu adiante
Nada tenho que perca
Quando nada é tudo o que possuo
Mas ainda assim recolho minhas partes e escondo-as
Precaução, assim acredito
Para reter o quase meu
Sorrio e sigo adiante
Faço que não importa
Quando arde minha alma de todo medo
Minto, finjo que não vejo
Que ter valor para mim
É a fonte de todo meu medo