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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

No futuro

Vivemos de esperanças. E não poderia ser diferente. Precisamos acreditar que esse estranho chamado futuro será sempre melhor que nosso conhecido presente, que o depois virá cheio de sorrisos, que sonhos virarão realidades. E não importa quão mínima é a porta dessa entrada. Se uma coisa ordinária qualquer nos parece um "bom sinal", alegramo-nos. Prendemo-nos a fé no amanhã, essa irracional fé, que não precisa de bases nem porquês, nem datas nem certezas, que é nossa própria vida pulsando dentro de nós, forçando-nos a seguir em frente, não importando o tamanho do Golias que possa estar em nosso caminho. Queremos celebrar o tempo que temos, construir nossos mundos, correr, gritar, mudar os rumos, porque assim o somos. Não desistimos, apostamos no sempre, saudamos a vida! Nossa vida! Que seja o cantar por um dia após o outro! Que seja a virada de um ano! Que seja a falta de razão em si mesma, a raiz do nosso querer encontrar um daqui a pouco tão lindo quanto qualquer devaneio que a mente permita. E que não importa se há ou não esse tal futuro. Porque seja ele como for, já começou no agora, e no mais sublime de todos os lugares, dentro de nós.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Brasilidade

Que será de nós
Quando por conta nos dermos
Que tudo o que fomos
Perdemos
Nos sobram os restos
E se saudosos ficarmos
Cada vez que lembrarmos
Que era bom o que éramos

Que será desse infesto
Partidos pedaços
Tão indigestos
Desiludidos, funestos
Por tempo previstos
Mas libertos
Jogados no vento
Sem jamais novo nexo

Que será dessa cópia mal-feita
Subjugada
Muito mais que imperfeita
Picada inteira
Sem quem queira
Que volte refeita
Que perdeu seu valor
Para igualar-se às demais

Que será desta terra
De uma gente incrédula
Que por decisão
Tomou a incorreta
Que sua brasilidade
Deixou para trás
Assim não resgata
Não mais

Que será de nós
Que será que a nós resta
Vendidos que fomos
Tudo era uma festa
Tudo imposto
Quase nada que presta
Nossa linda cultura
Já não temos mais





sábado, 1 de dezembro de 2012

Mutemaremos

Não meu querido “bee”
Já não somos os mesmos. Quiçá tenhamos de fato mudado. Mas os mesmos, já não mais somos. Somaram-se ao nosso antigo nós quase exatos 1099 dias e noites. Essa enorme cadeia de passagens de 24 horas em que nos expomos ao mundo, experimentamos, sorrimos e choramos em um êxtase de vida que só os de grande alma alcançam. Fomos os poetas do amor torto, comediantes sem plateia, amantes de nossa mais ampla falta de conhecimento do mundo. Ode a nossas bebedeiras, que ensinam que copo cheio é alma vazia. Ode aos gastos desnecessários e o preenchimento do espaço físico pelo que clama o espírito. Nós que tão pouco sabíamos, que não tínhamos um guia, que andarilhos, buscávamos nosso pôr-do-sol. Eu, você, seres errantes, que em nossa vulgar inocência tropeçamos em nossa coragem e em nosso desespero, e em cada lágrima que jamais foi em vão. Nossas absurdas conversas sem sentido algum, em horas inexatas, e com mais propósito que entenderíamos ou assim poderíamos fazer. Sim, somos produto desse tumulto, dessa incerteza e dessa falta de rumo que nos trouxe aqui. Aqui, onde somos mutantes, atores, fraudes e nós mesmos. Onde mandamos para a merda o senso comum, a meia combinando, o que de nós pensam e o que de nós esperam. Não, não esperem nada de nós! Somos almas livres! Sim o somos! Prisioneiros de nossa intensa vontade de seguir. Estamos vivos!
E incrível, em nossa estrada torta veio a nós essa tal felicidade. Hoje penso em ser mãe. Passar o que aprendi adiante. Ser mulher para meu homem. Chegar onde disseram que eu não alcançaria. Você ainda constrói seus castelos. Cuidado! Não mais na areia! Firme seu terreno querido! Somos amigos e o seremos sempre. A ti ainda vejo como criança perdida, mas sei que caminhos são feitos com os pés. Pois faça-os. Tome para si sua própria vida menino!
Doce alegria de nossas vidas de cavalheiro e amazona errante. Uma versão atípica de Dom Quixote e Sancho Pança. Somos assim. Somos o que nos fizemos ser. E que bom. O tempo jamais passa, é a vida que se revela.


Para Raphael Pena, meu filho de alma.