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sábado, 23 de março de 2013

Chuva





Oi dona Chuvinha
Seja aqui comigo bem vinda
Tão doce, tão linda
Vem que contigo quero conversar

Sei que chegou agora
mas meu papo, eu juro, não demora
Termino em menos de meia hora
Muita coisa é para perguntar

A senhora que vem lavando o mundo
Não sente que bem lá no fundo
Pelo tanto de canto escuro
Vir e voltar não vai adiantar?

E por que minha senhora
Por seus filhos não olha
Passa assim e os ignora
Deixando-os tão tristes e sem ter onde morar?


Filha minha por amor eu o faço
Sim venho e em canto passo
Lavo todo e qualquer espaço
Onde é claro me deixam chegar

Triste sina de cada esquina
Ver meu menino, minha menina
Porque vim para essa terra aguar
E não meus filhos desabrigar

Sofro com eles toda noite
Não entendo o que nesse mundo houve
Por aqui sempre estive
Nunca para fazer chorar

Meus filhos hoje pedem a Deus para me evitar...








domingo, 17 de março de 2013

Canção do Silêncio

Existe uma intensa força no silêncio. Escuto agora o ruído da chuva. Parte dela cai no telhado. Outra direto no chão. Canto de pássaros. Folhas que o vento sacode. O aumentar e diminuir dessa chuva. Nada de televisão. Nada de música. Nada de ninguém. Eu. De alguma maneira me escuto. Sinto minha própria presença. Momentos raros que estou assim tão só em mim. Pensando em nada e em tudo. Deixando fluir mil energias e sendo levada pela canção do silêncio. Palavras, como são mágicas! Poderosas até o são. Mas maior que todas elas, apenas o silêncio. Que diz o que não se verbaliza. O que não tem vocábulo para expor. Não pede explicações sucintas, teses, teorias. Não quer convencer. Não quer debater. Sentir e só sentir. Abrir e fechar os olhos.Deixar-me ir... Nada precisa ter lógica! É só você e a mais presente de todas as ausências. O Silêncio hoje fala em mim. Chove minha chuva. Lava a alma do mundo. Estamos aqui a te ouvir. Leva para longe o que da luz não vier. Leva para longe o que não fizer feliz... Canta a canção do silêncio. Hoje a ti quero ouvir... hoje quero por nada sorrir...

segunda-feira, 11 de março de 2013

Inferno da mente

"É o mais profundo abismo. O desespero. A angústia. Nada. Um labirinto no qual você entra e fatalmente poderá não mais sair. Você não pede por ela, mas ela estará a sua espreita, esperando uma brecha. A doença da alma. Sua hereditariedade ou sua história, não importa. Vai dividir você. Vai mudar você. Sem que você perceba, ela se instalará. Porque você não percebe. Mas o seu redor sim. Sua força e vontades serão testadas. Você só vai sair se quiser. Se realmente quiser. É o seu Jogos Mortais da vida real. É o inferno da sua mente.
Não se sabe onde realmente começa. Pouco se sabe. Química? Trauma? Genes? Ninguém vai te entender. Se não a tiver vivido só há a tentativa de entender. Poucos tentarão. Perguntarão por que deixa de ficar triste. Porque não sai e se diverte e pronto. Você não sabe, mas já perdeu a vontade de viver. Você não sente mais gosto, cheiro, não vê cor. A comida é um tormento. Você simplesmente não consegue engolir. Ou se obriga a comer ou não tem forças. Sua única pergunta é “para que” e como eles não aparecem, você não faz. Você não sente vontade de nada. Alias você não sente nada. Só existe a ausência de querer... choro, choro...
Ruídos, muitos ruídos. Sozinha. Solidão. Isolamento. Paredes que comprimem. A cama. Confortável embaixo da cama. Não! Ninguém!! Sozinha...
Banho? Cabelo? Levanto. Perdi peso, muito peso. Não consigo andar, sem força, caio. Sou levada para a cama. Não importa. Remédios. Seis tipos diferentes. Sensação de não sentir. Nada. Drogada. Sonolência. Confusão mental. Onde? Hoje? Quanto tempo? Aconteceu? Não lembro. Imagens confusas. Memória? Nada. Sono. Vontade de dormir. Não quero acordar. Dormir. Dormir. Noitedianoitedia. Mais remédios. Possível internação. Não quero! Soro? Não. Remédios. Comida sem olhar. Empurra. Engole. Inchaços, dores de cabeça. Confusão, Não falo. Não sei mais nada. Não falo. Não acho. Vazio. Sono.
Melhora. Não sinto. Sobrevivo. Melhora. Escuro. Mais escuro. Choro. Choro. Garrafa. Bebo. Bebo mais. Calma. Sinto calma. Bebo. Não sinto a boca. O rosto. As mãos. Não levanto. Imóvel. Deus eu não quero morrer! Não há ninguém. Não mexo. Deus! Meu corpo. Agonia. O telefone. Não sinto. Imóvel. Só Deus... horas. Começo a sentir. Volto. Melhora. Quantidade insuficiente. Vivo. Infecção renal.
Escolha: viver ou perder a luta. Segunda Chance."


domingo, 3 de março de 2013

Oração da Alma de Uma Mulher









Grande mãe

Aqui estamos nós
Suas filhas, sua herança
Que neste mundo muito padecemos
Mas que de cada pranto tiramos
A coragem para mudar os rumos

Nos dizem, minha mãe, sermos frágeis
Porque estes mesmos não sabem
Que nossa força vem mais de nosso coração
E usam isto contra nós, violentando nossos sonhos,
esperanças, sorrisos, amanhãs...

Nós que enfrentamos a solidão de cada caverna com nossa cria
Que carregamos a culpa de um inexistente original pecado
E por ele fomos também crucificadas em nossas almas,
Perjuradas, oprimidas, e em piras queimadas
Chamadas de bruxas, despedaçadas...

Que carregamos no ventre a vida
Alimentando-a de nosso próprio seio.
Nós que juntamos tantas feridas
Algumas tão escondidas
Outras que se mostram em tristes olhares

Mais que mulheres, somos guerreiras
Também em armas já pegamos
Nossas guerras lutamos
Sofremos esperando
Retornos que não voltaram jamais

Assim peço
Que estejas conosco a cada segundo
Porque não é só de morte que morre esse mundo
É também da ignorância
De quem nos acredita menos por amarmos a mais.








segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Que sua próxima lágrima seja de felicidade


Cada passo do caminho
É passo novo
E entre um e outro
um tropeço, um tombo
Não podem jamais te impedir de seguir

Não importa a estrada
Lisa ou esburacada
Vista linda ou de nada
Coberta ou descampada
Enfrente o que vier e vir

Muitos são esses caminhos
De flores, de espinhos
Garanto não estás sozinho
Ao teu lado um amigo
Que a ti quer ver sorrir

Que tua próxima lágrima
Seja de felicidade
É de DEUS toda vontade
Acredita, é verdade
Um dia toda tristeza há de partir

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Para minha mamãe

Olhei para dentro de mim
E me vi meio assim
Tão distante de mim
Sem saber para o que vim
Sem sentido enfim
Fugindo de mim
De nada afim
Nem mesmo a fim
De nada resolver

Mas lembrei de você
Seu jeito de ser
Como pude esquecer?
Fruto de você
E amo você
Vou lembrar de crescer
Por mim e por você
Pois já não dá para viver
Sem sorrir por você

Alegrei minha alma
Enchi-me de calma
No mar joguei palmas
Ri de tudo e de nada
Joguei fora a incauta
Não importa a falta
Porque hoje lembrei de lembrar de você
Adivinha o porquê
Porque amo você....





quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Das águas

Estou aqui, pés descalços. A areia úmida em meus pés. Largo os sapatos e a bolsa nem vejo onde. Agradeço ao silêncio que me permite ouvir cada batida, cada ida e cada retorno. Linda a força das águas à minha frente, que se aproximam e se arrebentam, e depois recuam como se acarinhassem a beira, formando contornos, desenhando espaços. Sinto-me atraída, puxada para perto. Quero tocar. fazer parte dessa dança que hora vem suave, sublime, e hora vem forte, explosiva. A água gelada toca meus calcanhares, sinto um arrepio correr o corpo. Molho o rosto, a alma. Entro assim como estou, jeans e blusa nova. Estou só, eu e meus pensamentos. Meu mundo inteiro que ficou lá fora. Sinto correr em mim uma corrente elétrica, sensações, gostos e sentimentos, todos juntos, inexplicáveis mas acontecendo dentro de quem eu sou naquele momento. A onda quebra em meus quadris. Quase perco o equilíbrio, bambeio, sorrio. Passo minha mão pelas águas e sinto a vida que vibra em mim. Volto para a areia e deixo meu corpo cair. O vento gelado também bate, sinto seu frio. Escorrego na areia e fecho os olhos, até que de novo venham as águas tocar em mim. Sinto-me leve, livre. Sinto o amor que há no mundo e em mim.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Hoje quando olhei para o céu havia um pesado cinza. Muitas nuvens e o presságio de tempestade por vir. Raios, trovões, relâmpagos e elas, tão pesadas e cinzas. E veio a chuva. Um aguaceiro anunciado, essa água correndo e levando o que pelo caminho estava. Agora é tempo de esperar. Esperar passar a tempestade, o mar revolto. E não adianta chorar a velha negligência. O tempo é de esperar passar. Porque o sol volta, brilhando como sempre. E quando voltar, virá com ele o tempo de reconstruir, de acertar. Agora resta refletir e agir sem querer a força das águas parar. Elas destroem mas também limpam. Na verdade hoje choveu muito pouco lá fora. Mas dentro de mim, ah dentro de mim! Hoje vi tempestade cair.... "

domingo, 27 de janeiro de 2013

Duas mulheres


Existem em mim duas mulheres...

Uma selvagem outra mansinha
Uma que bem acorda quietinha
Que é do quarto e cozinha
E outra que quer o mundo mudar

Uma que assim fala baixinho
Canto da boca sorrindo
Que procura sempre o cantinho
Para despercebida passar

Mas olha tem essa outra
Quase que meio louca
Vem com risada solta
Prende cada olhar

Uma que é fagulha e é espinho
Passa pelo caminho
Como trem em seu trilho
Certa de onde chegar

Outra que é calma e carinho
Vem e vai rapidinho
Também sabe o caminho
Mas vive a duvidar

Essas duas mulheres
Seus ardores e reveses
Descobre qual é
Por cada olhar

Sim, em mim duas mulheres há...





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Veritas

O que é que é mais do que há em mim?
De onde surgem essas verdades para que eu as aceite?
Tudo é de tantos modos e tantas são as formas
Que aceitação e escolhas são meras vaidades
Vejo o que você não vê
Porque o que vês em mim não existe
E o que não encontras é porque escondo em mim somente
O meu que não é o teu
E não te imponho para que a mim não forces
Livres somos em escolhas
Porém aprisionados à demanda também somos
Esse canto rouco que prendo
Minha verdade, não sua
Mas de que isso realmente importa?
Estamos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não vivo para o agrado.
Vivo porque este tempo me foi dado
E é meu o direito de escolher cada passo!
Do jeito que faço...
É meu o direito de sorrir e chorar.
De ir, ficar, aplaudir, contestar.
É meu, acima de tudo,
O direito de amar!
Sim amar!
sem limite ou barreira
Quer você queira ou não queira
Vivo!
Assim como sou!
Alma errante por ser dessa vida eterna amante...

Nada pelo medo

Medo?
Não, eu não tenho medo.
Apenas guardo-me de amarguras.
E melhor fazê-lo antes que junte muito mais desventuras!
Não temo nada pois nada é meu adiante
Nada tenho que perca
Quando nada é tudo o que possuo
Mas ainda assim recolho minhas partes e escondo-as
Precaução, assim acredito
Para reter o quase meu
Sorrio e sigo adiante
Faço que não importa
Quando arde minha alma de todo medo
Minto, finjo que não vejo
Que ter valor para mim
É a fonte de todo meu medo