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sábado, 1 de dezembro de 2012

Mutemaremos

Não meu querido “bee”
Já não somos os mesmos. Quiçá tenhamos de fato mudado. Mas os mesmos, já não mais somos. Somaram-se ao nosso antigo nós quase exatos 1099 dias e noites. Essa enorme cadeia de passagens de 24 horas em que nos expomos ao mundo, experimentamos, sorrimos e choramos em um êxtase de vida que só os de grande alma alcançam. Fomos os poetas do amor torto, comediantes sem plateia, amantes de nossa mais ampla falta de conhecimento do mundo. Ode a nossas bebedeiras, que ensinam que copo cheio é alma vazia. Ode aos gastos desnecessários e o preenchimento do espaço físico pelo que clama o espírito. Nós que tão pouco sabíamos, que não tínhamos um guia, que andarilhos, buscávamos nosso pôr-do-sol. Eu, você, seres errantes, que em nossa vulgar inocência tropeçamos em nossa coragem e em nosso desespero, e em cada lágrima que jamais foi em vão. Nossas absurdas conversas sem sentido algum, em horas inexatas, e com mais propósito que entenderíamos ou assim poderíamos fazer. Sim, somos produto desse tumulto, dessa incerteza e dessa falta de rumo que nos trouxe aqui. Aqui, onde somos mutantes, atores, fraudes e nós mesmos. Onde mandamos para a merda o senso comum, a meia combinando, o que de nós pensam e o que de nós esperam. Não, não esperem nada de nós! Somos almas livres! Sim o somos! Prisioneiros de nossa intensa vontade de seguir. Estamos vivos!
E incrível, em nossa estrada torta veio a nós essa tal felicidade. Hoje penso em ser mãe. Passar o que aprendi adiante. Ser mulher para meu homem. Chegar onde disseram que eu não alcançaria. Você ainda constrói seus castelos. Cuidado! Não mais na areia! Firme seu terreno querido! Somos amigos e o seremos sempre. A ti ainda vejo como criança perdida, mas sei que caminhos são feitos com os pés. Pois faça-os. Tome para si sua própria vida menino!
Doce alegria de nossas vidas de cavalheiro e amazona errante. Uma versão atípica de Dom Quixote e Sancho Pança. Somos assim. Somos o que nos fizemos ser. E que bom. O tempo jamais passa, é a vida que se revela.


Para Raphael Pena, meu filho de alma.

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